quarta-feira, 30 de março de 2011

Há anos tenho um sonho recorrente: estou em outra cidade e por alguma razão não consigo voltar para Macapá. Então me desespero, me angustio, vira, enfim, um pesadelo. O irônico é que sempre quis ir embora daqui. Hoje menos que antes, todavia a vontade existe. Reflito agora sobre o que quer meu inconsciente ou se, na verdade, tenho medo de que haja a possibilidade de partir um dia.
Eu gosto de mudanças, mas as temo. Sou assim, paradoxal ao extremo.

sábado, 19 de março de 2011

Dia desses, ao assistir a um programa dominical qualquer, vi uma exBBB respondendo à pergunta de ser processada pela família de um famoso cantor por comentar sobre sua suposta homossexualidade, enquanto estava isolada na casa do programa.
Refleti: acreditar e expressar publicamente a homossexualidade de alguém é razão para processo? Afinal, ela não disse que ele era ladrão, ou pedófilo, ou estuprador... todavia, parece que ser taxado de homossexual é realmente tão degradante, ou pior, para alguns, que os tipos deprezíveis citados aqui.
Várias vezes - pra não dizer sempre - vi pessoas "sem preconceito" reagindo mal ao comentário: "pensei que você fosse gay". Percebi que sempre ficam ofendidos e perguntavam o que havia neles que tenha levado a tal conclusão na ânsia de eliminar tão vil característica. Existem, sim, pessoas sem esse tipo de preconceito. Já vi, por duas vezes apenas, homens responderem um puro e simples "não". E continuarem a conversa sem maiores explicações, sem interrogarem o porquê do questionamento.
A grande questão é que ser homossexual é visto como falha de caráter e, para os mais comiserativos, aqueles que se dizem sem preconceito, como uma doença tolerável que para evitar na sua família... far-se-á o possível. É isso.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010


Pessoas não são descartáveis.
Há pouco mais de uma mês um amigo - agora ex-amigo - deliberadamente extirpou-me de sua vida. Assim, sem justificativa aparente. Sem a menor satisfação. Apagou da vida dele toda nossa intimidade, as putarias que fizemos juntos, as bebedeiras, as bobagens, os choros, tudo. Não respondeu mais às minhas ligações e sequer mandou um recado desarvorado.
No início fiz todas as autoreflexões possíveis a fim de perceber alguma razão que o justificasse; visto que somos capazes de, não raramente, magoar alguém sem a intenção de fazê-lo e, pior, sem nos dar conta deste feito. Não encontrei nada em meus minis flashbacks. Enfim, sofri, lógico, fiquei magoado e triste. Agora passou. Lamento profundamente por ele que abriu mão da minha amizade, da minha compreensão, do meu companheirismo...
O fato é que costuma-se falar em amor, tolerância, resignação, perdão... todavia quase ninguém pratica estas coisas. E o direito à defesa? Amizade não é namoro. É, para mim, o mais sagrado dos relacionamentos. Amigos são almas gêmeas. E não somos criancinhas para ficar-de-mal. O meu lamento é simplesmente pelo fato de que não seremos amigos novamente; ainda que ele viesse ao meu encontro. Porque acabou a admiração. O amor virou indiferença, consigo viver maravilhosamente sem a presença dele.
A grande e triste constatação é que conseguimos viver sem alguém que julgamos importante em nossas vidas. Daí o cuidado em não perdê-las.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010


Angustiante ter um problema para resolver e ter de esperar que o dia amanheça. Angustiante saber que após o amanhecer do dia você começará a resolvê-lo ciente de que ainda terá de esperar um outro dia, melhor dizendo, um final de semana inteiro, até que chegue a próxima segunda, para o cheque-mate. É muito pior que o último capítulo de uma temporada de uma série, ou o desfecho na última cena da novela, no sábado. Nesses casos a gente corre na internet pra saber o que acontecerá; no mínimo haverá especulações. Os nossos problemas, ao contrário, ficam incógnitos. Especulamos horas a fio em nossas cabeças, sabendo que nem sempre somos o único roteirista e o final, às vezes, é em aberto.

sábado, 14 de agosto de 2010

Hoje irei a um lugar, um evento, sem muita vontade. Vou para agradar aos interessados. Então peguei-me refletindo sobre as tantas e tantas coisas que faço para agradaraosoutros. Não se trata de baixa autoestima. Agrado porque acredito ser importante, essencial, fazer feliz àqueles que nos amam; nem me refiro aos que amamos pois já estão inclusos nesta reflexão.
Todavia, há momentos em que a caridademoral é difícil.

sábado, 7 de agosto de 2010


Meu frustrado e amado pai disse-me, nestas férias: "o homem tem de ter algo que lhe valha a pena viver" do contrário, para que estar vivo?" Reflito sobre coisas do gênero há bastante tempo. imagino que muitos pensam sobre tal comportamento, mas a grande maioria se refugia no inconsciente; pois sentem o pavor de não encontrar nada. Melhor não admitir que nem sempre há algo que nos faça querer viver.
Em verdade, penso: viver é bom acima de tudo, mesmo não havendo " o incentivo". Lamentável quando se percebe que o que te movia já não mais existe. Meu pai percebeu isso. Eu, ainda, tenho razões pra suportar as aburridas horas dos meus dias. Por exemplo, o fato de que outras horas destes mesmos dias são, no mínimo, afáveis.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vida que segue


Estes dias meu espírito anda tranquilo; ou melhor dizendo, quase tranquilo. O drama diminuiu e eu - como um bom autopsicólogo - aquiesci. Levanto para trabalhar acreditandomesmo, que aquele dia será bom; e são. Continuo desgostando do meu trabalho, lamentando minhas escolhas: todavia, vejo os prazeres que há na vida com mais clareza. Pode ser que isso seja o máximo que conseguirei...ou não. Já estive assim antes e tudo degringolou de repente.

Eu sinto, porém, que algo bom vai acontecer, quer dizer, algo melhor. Eu sei. Eu anseio.
Por enquanto a gente continua rindo, fazendo graça, desejando...vivendo...e sendo piegas, porque é bom ser piegas às vezes. É maravilhoso sentir-se longe da infelicidade, e perceber que os problemas existem, vários, mas que não são indomáveis.