quinta-feira, 25 de novembro de 2010


Pessoas não são descartáveis.
Há pouco mais de uma mês um amigo - agora ex-amigo - deliberadamente extirpou-me de sua vida. Assim, sem justificativa aparente. Sem a menor satisfação. Apagou da vida dele toda nossa intimidade, as putarias que fizemos juntos, as bebedeiras, as bobagens, os choros, tudo. Não respondeu mais às minhas ligações e sequer mandou um recado desarvorado.
No início fiz todas as autoreflexões possíveis a fim de perceber alguma razão que o justificasse; visto que somos capazes de, não raramente, magoar alguém sem a intenção de fazê-lo e, pior, sem nos dar conta deste feito. Não encontrei nada em meus minis flashbacks. Enfim, sofri, lógico, fiquei magoado e triste. Agora passou. Lamento profundamente por ele que abriu mão da minha amizade, da minha compreensão, do meu companheirismo...
O fato é que costuma-se falar em amor, tolerância, resignação, perdão... todavia quase ninguém pratica estas coisas. E o direito à defesa? Amizade não é namoro. É, para mim, o mais sagrado dos relacionamentos. Amigos são almas gêmeas. E não somos criancinhas para ficar-de-mal. O meu lamento é simplesmente pelo fato de que não seremos amigos novamente; ainda que ele viesse ao meu encontro. Porque acabou a admiração. O amor virou indiferença, consigo viver maravilhosamente sem a presença dele.
A grande e triste constatação é que conseguimos viver sem alguém que julgamos importante em nossas vidas. Daí o cuidado em não perdê-las.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010


Angustiante ter um problema para resolver e ter de esperar que o dia amanheça. Angustiante saber que após o amanhecer do dia você começará a resolvê-lo ciente de que ainda terá de esperar um outro dia, melhor dizendo, um final de semana inteiro, até que chegue a próxima segunda, para o cheque-mate. É muito pior que o último capítulo de uma temporada de uma série, ou o desfecho na última cena da novela, no sábado. Nesses casos a gente corre na internet pra saber o que acontecerá; no mínimo haverá especulações. Os nossos problemas, ao contrário, ficam incógnitos. Especulamos horas a fio em nossas cabeças, sabendo que nem sempre somos o único roteirista e o final, às vezes, é em aberto.

sábado, 14 de agosto de 2010

Hoje irei a um lugar, um evento, sem muita vontade. Vou para agradar aos interessados. Então peguei-me refletindo sobre as tantas e tantas coisas que faço para agradaraosoutros. Não se trata de baixa autoestima. Agrado porque acredito ser importante, essencial, fazer feliz àqueles que nos amam; nem me refiro aos que amamos pois já estão inclusos nesta reflexão.
Todavia, há momentos em que a caridademoral é difícil.

sábado, 7 de agosto de 2010


Meu frustrado e amado pai disse-me, nestas férias: "o homem tem de ter algo que lhe valha a pena viver" do contrário, para que estar vivo?" Reflito sobre coisas do gênero há bastante tempo. imagino que muitos pensam sobre tal comportamento, mas a grande maioria se refugia no inconsciente; pois sentem o pavor de não encontrar nada. Melhor não admitir que nem sempre há algo que nos faça querer viver.
Em verdade, penso: viver é bom acima de tudo, mesmo não havendo " o incentivo". Lamentável quando se percebe que o que te movia já não mais existe. Meu pai percebeu isso. Eu, ainda, tenho razões pra suportar as aburridas horas dos meus dias. Por exemplo, o fato de que outras horas destes mesmos dias são, no mínimo, afáveis.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vida que segue


Estes dias meu espírito anda tranquilo; ou melhor dizendo, quase tranquilo. O drama diminuiu e eu - como um bom autopsicólogo - aquiesci. Levanto para trabalhar acreditandomesmo, que aquele dia será bom; e são. Continuo desgostando do meu trabalho, lamentando minhas escolhas: todavia, vejo os prazeres que há na vida com mais clareza. Pode ser que isso seja o máximo que conseguirei...ou não. Já estive assim antes e tudo degringolou de repente.

Eu sinto, porém, que algo bom vai acontecer, quer dizer, algo melhor. Eu sei. Eu anseio.
Por enquanto a gente continua rindo, fazendo graça, desejando...vivendo...e sendo piegas, porque é bom ser piegas às vezes. É maravilhoso sentir-se longe da infelicidade, e perceber que os problemas existem, vários, mas que não são indomáveis.

domingo, 9 de maio de 2010


Há algum tempo percebi que todos correm na mesma direção: aquela em que se quer algum tipo de ajuda; um socorro, uma frase do tipo "eu te entendo" que soe verdadeira. Quase ninguém encontra, porém. Isso é muito triste. Dias se seguem na mesma situação, na mesma angústia... semprazodeacabar.

Eu preciso fazer algo. 'Algo' é um termo tão abrangente; tão denso que não consegui discernir ainda no que consiste. Sonho com o dia em que acordarei com este enigma solucionado: "tenho de fazer isto..." Mas, neste caso seria desejar uma solução mágica. E, ninguém, neste planeta, está mais consciente da realidade que eu.

Desejo socorro. Queria tanto que alguém me pegasse pela mão... tô sendo infantil, todavia, é como me sinto ultimamente: uma criança sozinha, sem ter alguém pra abraçar e enfiar o rosto no colo para sentir-se protegido e, ao mesmo tempo, ouvir "deixa que resolvo pra você" ou "tudo vai ficar bem"; e o melhor de tudo: eu acreditar.

Nenhum homem é uma ilha porque precisa estar rodeado de seus iguais. Contudo, todos somos ilhas em nossos medos, frustrações e desesperanças. No fundo, é cada um por si, cada um com sua dor... o que é compreensível; não se pode carregar a pedra de alguém se há a sua para levar; pior, se você não consegue carregar a sua, como poderá carregar a de outro?

Eu lamento minhas escolhas, errei muito, descobri que não gosto do que faço e por isso sou prisioneiro do meu trabalho. Fugir nem sempre é possível.

Apesar de tudo viver é lindo, ter amigos e família é uma bênção... e Deus sabe que sou grato pelo que tenho, ainda que não goste. Importante também eu não ser um cara amargo; o humor é constante, a vivacidade, a alegria, porque sem isso estar vivo não seria interessante para mim.
Ninguém é culpado dos desgostos que sinto, nem eu mesmo. Um dia eu acordo sabendo o que fazer. Por enquanto... vou amanhecendo e anoitecendo, apenas, mas com o coração cheio de agradecimento por isso. Um dia, eu encontro meu caminho.

sábado, 17 de abril de 2010


A chuva é sempre bem vinda; esteja eu na rua, com pressa ou - quando muito melhor - em casa. Agora chove. É noite de sábado e estou em casa. A primeira noite de sábado deste ano quefico em casa e não lamento por isso. O sábado à noite é sempre especial; todos. Mas desta vez resolvi ficar no meu quarto. E está maravilhoso ouvir o baruho da chuva. Água batendo no telhado, caindo da biqueira, respingando na janela...ela não só me inspira como também me motiva a ser melhor, a acreditar que coisas boas são uma rotina, e a maioria de tudo que nos desgosta desaparecerá. Alguém poderá dizer que o meu apreço pela chuva seja a metáfora de que ela leva tudo de ruim, todavia, em mim, não ocorre esse pensamento. A chuva é renovação, não porque limpa, mas porque embeleza, acalma, massageia minha alma.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sonho e Desejo


Marcila levantou-se num sobressalto da cama e abriu ansiosa a janela de seu quarto, ela ouvira os passos de seu amado aproximando-se de sua casa.

E ele estava lá, o azul dos olhos - iluminados pela azulada luz da lua - voltados para ela. Aqueles olhos penetrantes que eram a janela de entrada para um mundo de delírios, devaneios... um oceano de sensações.

A boca da jovem, um morangomaduroefresco, se abriu num sussurro voluptuoso. Então o jovem apaixonado, enlevado pelo balançar da cabeleira de Marcila, que mas parecia uma noite sem lua e sem estrela, implorou que ela voasse com ele a fim de que os dois sumissem dentro da noite, com as mãos dadas, e o coração de um batendo dentro do peito do outro.